terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vai passar.





As pessoas mudam após tantas conversas no carro antes de entrar em casa
Me reconhecer já não basta, é preciso me conhecer realmente e parar de fingir liberdade sem explicação.
E então você se olha no espelho e se pergunta: “Não, eu não consigo acreditar quando você me diz que eu sou bonita.”
Como se a beleza fosse medida pelo comprimento do cabelo
e eu acabei de cortar os meus.
E eu quero jogar todos os meus traumas em forma de flores no mar
para ver se eles se afogam junto com o medo de nadar
mas as ondas voltam mais fortes e não tenho força nas pernas.
Não mais.
Você vê que seu romance não tem começo, meio e fim
quando bebeu a noite passada e esqueceu de escrever.
Criar e tentar dar um pouco de emoção pra alguém
só para receber aquele orgulho que nunca achou que ia ter.
Mas as tentativas falham após bastante preparação
como uma prova fácil que deixa a sala inteira de recuperação.
O tempo é o melhor remédio, mas eu nem to doente.
Só com o colesterol um pouco alto após tanto tédio faminto
A primavera foi embora e ainda pode voltar
mas eu acabei pisando nas flores que caíram
e não tenho altura o suficiente para alcançar as que ainda são bonitas.
E nem mais visão.
O que te aflige tanto, minha menina?
Não ter mais pavor do escuro,
mas medo de dormir sozinha.

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