terça-feira, 29 de junho de 2010

Querido Diário.





Ando tão distraída e tão acostumada
Que meus pés já sabem o caminho
E a música toca na hora certa.
Sempre de manhã
Quando o vento mecânico toca meu rosto.
Eu fico assustada ao ver tantas pessoas
Do mesmo tamanho
Com o mesmo cabelo
Enfileiradas
Inquietas
Ganhei uma flor nova hoje
Pois eu saí mais cedo do trabalho
Vozes angelicais me fazem companhia
Quem já viu uma poesia nascer
Não pode compará-la a uma construção
Tem um urubu na casa abandonada
E ainda são quatro horas da tarde.
Droga!
Esqueci a blusa de novo.
É tanta luz no fim do túnel
Que eu nem consegui dormir.
A minha fome é proporcional
Ao tamanho da fila da lanchonete
Lingua e Fala
Horácio e Aristóteles
Métrica e Ritmo
Tudo isso faz sentido?
Eu não quero dormir.
Fim da noite ou Final do dia?
Eu saí da Ilha.
Como eu faço pra voltar?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Primeiro canto.




Meus cabelos compridos
cobrem os meus seios jovens.
Já esqueci o que posso ou não posso esconder.
Se uso meu vestido comprido
ao entrar no mar
sou descoberta
com um grito cortante e surdo
Invasão infinita.
Prazer solitário inconsequente
Calor doentio suficiente
Imaginação corajosa sobrevivente
A Penélope vira sereia
A imaturidade antecede a experiência.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Roteiro Adaptado




Talvez eu deva parar para pensar
É, deixar de pensar como vai ser
ou como foi.
Andar nos trilhos
sem dormir em pé
Deixar de escrever
Enxergar além
Sabe?
A névoa, assim, de longe
com uma boa música
é tão bonito.
Você não acha?
Talvez eu deva me apaixonar
Talvez haja prazer em tudo isso.
Talvez eu descubra um mundo novo
como criança pequena
que não sabe esperar.
Melhor, não quer esperar.
É preciso perceber que as mãos estão sozinhas
mas não vazias.
Talvez seja a hora de gritar.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Paz





Dormir.
Dormir e não sentir frio
Dormir completamente
Dormir sem ouvir barulhos mecânicos
Dormir sem preocupações cotidianas
Dormir e sentir a respiração
Simples.
Sonhar.
Sonhar sem cansar
Sonhar sem mexer os braços nem as pernas
Sonhar com música sem letra
Sonhar tanto que a morte chega e você nem percebe.
Acordar.
Acordar e ver que ainda não é dia, mas também não é noite.
Acordar e escutar sinos de igreja
Acordar e olhar o teto branco
Acordar e sorrir por enxergar no teto branco
um céu cheio de estrelas.
Estrelas estáticas e silenciosas
Como as estrelas realmente devem ser.