segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Os cravos no jardim.




Os filhos.

É uma época difícil. Eu quase não saio de casa, apesar de estar na idade de passear. Vou para a escola e quando volto, minha mãe me abraça dando “graças à Deus”. Passo boa parte do tempo estudando, mas ainda não sei direito para quê. Outro dia eu fui perguntar para o professora qual era o motivo para aprender aquilo tudo, ela apontou para o quadro em cima da lousa: “Porque o excelentíssimo quer assim.”

Minha casa não é muito bonita, mas eu gosto de passar o tempo todo nela. Minha mãe é professora e me educou. Me ensinou as letras, as contas e a história. Diz que a escola vai me emburrecer. Mamãe não sai de casa também e para comer ela precisa ficar acordada até de madrugada, quando a vovó aparece e entra pela porta dos fundos. Não conheço meu pai ainda, minha mãe falou que ele foi embora para salvar o país. Ele ainda não voltou, mas eu sou feliz mesmo assim, porque eu sei que existe vida além do mar.

Eu adoro o colégio. Lá é tudo limpo e organizado. Todo dia aprendemos como respeitar os outros, como o nosso pais é poderoso, como devemos manter a paz e como somos íntegros. Aprendemos a pensar no futuro também. Foi lá que eu aprendi a escutar e obedecer. Meus pais falam que a coisa mais importante do mundo é ter orgulho de sua pátria.


Os pais.

Todo dia eu rezo sem parar. É ele colocar o pé para fora de casa e meu coração dispara. Apesar de só ter notícia boa na televisão, eu sei que acontece muita barbaridade. Meu marido trabalha a noite e sempre vê alguém sumir do nada. Não podemos contar isso pro menino, ele já tá grande, vai começar a entender. Outro dia ele me perguntou quem era ele, eu disse que era o dono do país, ele respondeu que não tem essa, que o país era de todo mundo. Dei-lhe um tapa que ficou quieto na hora. Comecei a rezar mais ainda, ele não podia começar a ter ideias diferentes. Deus me livre se sumisse também.


Sou professora e tive meu filho no meio do caos. Sei como as coisas são e decidi não mentir em nenhum momento. Ensinei tudo para ele saber exatamente o que lugar em que vivia para aprender a lutar quando chegasse a hora. Podem me chamar do que quiser, mas me recuso a viver nessa paz de merda. Meu marido não está fugido, está lutando para mudar. Meu filho sabe que o mundo será melhor quando ele olhar para a frente e não ver só o mar.


Minha casa é um poço de felicidade. Meus filhos são obedientes e sabem o valor da mulher e do homem na família. Sempre concordam com a gente, pois respeitam os mais velhos. Ensinamos que aqui é melhor lugar para se viver, pois o mundo todo está em guerra e nós gozamos de infinta paz. São os melhores da escola, pois sabem que quem tem educação de qualidade será um homem de sucesso, digno e culto.


O que há de comum em todas essas casas?

Os cravos no jardim.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A arte de quem ama.




Quando resolvi ser sincera comigo e comecei a pensar de forma menos vazia.
Quando aceitei algumas impaciências diárias e percebi o valor das minhas opiniões
Você apareceu com aquele jeito “de vez...
para ficar.”
Talvez a minha confissão seja mais uma maneira de agradecer do que um estudo espontâneo sobre o amor.
Talvez a poesia saia decorada e bonita e eu me dê por satisfeita, por ser feita com verdades, independente se são diurnas ou noturnas.
Ou talvez eu pare de escrever nesse exato momento, pois sei que você vai me abraçar e jogar a folha longe porque agora é “hora de namorar”
Minha sabedoria consiste em afirmar a longa duração dos relatos sobre esse novo ser que ama.
É somente um jeito de tentar entender essa coisa amada,
que junto de mim,
se torna realidade digna de ensinamentos.