quarta-feira, 27 de julho de 2011

Desejos...



É tempo de começar a sonhar.
É tempo de pedir para amar.
É tempo de querer enriquecer.
E tempo de escolher
entre amar, sonhar ou enriquecer.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Eu não me chamo Raimundo



Você já parou pra pensar em quantas vezes já pensou nisso?
E então, a noite veio, você chorou um pouquinho e pegou no sono.
Não há nada de errado em ver os dias passarem ensolarados
o errado é deixar o calor não te queimar ou te secar.
Quantas vezes você já me disse: “Tudo mudou!”
e aí você gritou gol, a cerveja gelou, a mulher te chamou...
Não acho errado sonhar ou desejar,
mas eu prefiro viver em um mundo silencioso, desconhecido de ignorâncias
do que viver falando o que eu faço ou deixei de fazer
e a cretinice concordar comigo.
A distração existe e ela quebra toda a convicção de um ser solitário.
Deve ser por isso que parei de me importar se está bom ou ruim.
A genialidade nunca foi efêmera.
Ao contrário dessas páginas rasgadas que doem a vista.
Estamos salvos, pois a única coisa arriscada hoje em dia
são amores mal resolvidos regados a bebida barata
Passado revirado com direito a citações desconcertantes
e política infantil com exploração de falta do que fazer.
Não fiquemos preocupados,
nossas crianças ainda vão aprender a rimar.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Trabalho Final




“Larga esses livros e vem pra cá.”

Ela não saberia explicar a doçura dessas palavras tantas vezes esperadas após um dia cheio de palavras difícieis, “bonitas” até. O fato é que tudo pode esperar quando não se tem tempo. Até o amor.

“Você disse que ia largar esses livros depois da meia noite. É sábado!”

Ela sabia que com isso a paciência ia se esgotando e o leite ia esfriando, mas estava envolvida de tal forma naquele passado criado que o presente era mera desculpa. Acordava já pensando em como escrever tal passagem, em procurar em tal livro. Tomava banho cantarolando músicas da época, usava óculos para a sua miopia forte, mas só enxergava branco e preto.

“Eu te atrapalho se pegar o violão?”

Ela afirmou que não com a cabeça e ele pegou o violão. Infelizmente a concentração era tanta que nem sabia distinguir qual música ele tocava, apesar de ele tocar praticamente umas 18 vezes a mesma música. Ela ria sozinha com curiosidades da sua pesquisa- como o a marca do perfume que seu objeto usava - e ele a olhava com um certo ar de braveza, pois por mais que ele perguntasse o motivo da risada, ela não falava.

“Você vai me trocar mesmo hoje?”

Ela o olhou por cima dos óculos e ele entendeu bem o recado. Pegou seu violão – o amigo que não abandona – e foi para o quarto enquanto ela continuou na sala com a sua barra de chocolate e o copo de groselha. Olhava no relógio e percebia o domingo chegando e sentia que seu lema de “não estudar aos domingos” ia se quebrando. Quando finalmente digitou a última palavra, já via o sol nascer com graciosidade e chegou a pensar em aproveitar e simplesmente não dormir, mas não fez isso. Salvou o trabalho e escreveu um bilhete: “Terminei. Você pode dar uma lida pra mim? O nome do arquivo é “trabalho final” e eu não aceito observações do tipo: tem um erro de português ali...”

Ele acordo e percebeu o sono profundo em que ela se encontrava. O cansaço era visível pela respiração pesada e pela boca meio entreaberta. Por mais que condenasse essa interferência ousada de suas vontades profissionais na vida dos dois – o que ele controlava um pouco – gostava de vê-la assim ativa e feliz quando descobria algo novo. Como ele mesmo disse uma vez: “temos uma vida literária, musical etc...”

Leu o trabalho, apontou os “erros” ou “acertos” e esperou ela acordar tocando violão.
Apesar de todo o silêncio, de todas as noites arrastadas, de toda a falta de companhia mesmo presente...

era pra ele que ela entregava a sua confiança.