quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O meu canto daqui





Me desfaço entre teclas e passos a caminho de uma distração qualquer
A cidade está em festa e as ruas andam coloridas e barulhentas
Todo o sol guardado para abençoar uma terra cinza
todas as pernas expostas para deixar a paisagem bonita.
Absorta, deixo-me correr entre os carros
na tentativa de me fazer notar.
Mas nada me impede de chegar.
As pessoas reclamam da luz ainda acesa,
os quatrocentões relembram a época em que “a música era boa”
e eu choro por saber que uma hora o filme vai terminar.
Ou melhor,
que a segunda voz não canta alto o suficiente pra te acompanhar.
Me transporto para um tempo em que o sofrido fazia samba
e os bondes cansavam de tanto “trabalhar”
Um casal em preto e branco
um piano e um sorriso
e eu me perguntando:
“foi lá? É ainda lá?”
Minha parceria é com a calçada larga
compomos a sinfonia da razão
a música do sentido.
Sempre em frente.
Mesmo com a manifestação te chamando
indignada
indefesa
mas presente.
Penso que a calçada é cama
assim como teu chão já foi a nossa.
Recebo a primeira gota dos céus
no meu olhar de vidro
E deixo minha dor ser lavada,
mas ela não fica limpa.
Isenta de sensações
me despeço com um olhar agradecido
e com mãos cansadas
por eu mesma me abraçar.
Nunca vi um sabiá em São Paulo
mas ela é o meu lugar.

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