sábado, 24 de dezembro de 2011

Um par.




Você me disse que, apesar de tudo, não me convenceu.
É verdade, ninguém ali queria provar nada,
era pura vontade de querer estampada em noite de quase véspera de Natal
na rua silenciosa,
como costumava ser.
Hoje ainda não estou convencida de nada,
você mesmo diz que repugna esses atos de convencimento,
a pessoa deve perceber sozinha o que seguir ou não seguir.
Eu sei que, depois de ter vivido e entendido,
tive a liberdade de escolher
e a sorte de você ainda me escolher.
E escolhemos nos amar mais uma vez,
em dia de quase véspera de Natal
ao som de chuva forte.
Escolhemos respirar fundo
com minha cabeça encostada no seu ombro
e você cantando músicas adolescentes.
Eu escolhi saber mais do seu passado escondido
e você escolheu uma maneira de dizer parte dele.
Juntos, eu posso dizer que formamos um par,
como letra e melodia,
sorvete de casquinha e tarde na Paulista,
Chico e Tom...
sofá e séries antigas
liquidificador e achocolatado
Vênus e Marte
tempo e amor.

Um comentário:

ssheep disse...

Você me diz que, apesar de tudo, as coisas mudam
ou permanecem as mesmas.
Que
não existe verdade,
mas existem algumas escolhidas verdades
ou não escolhidas
que são acreditadas,
verdadinhas não absolutas que movem nossas escolhas.
Mas que então não são nossas escolhas a forma de apontar o que acreditamos,
o que acreditamos verdadeiro,
nossas verdades.
Tem aquele julgamento que eu nem tô fazendo, até porque nem devo,
até porque nem quero,
mas tem outra coisa,
essa outra coisa,
essa sapiência do presente,
esse auto-conhecimento,
essa noção, o saber o que se é, o que se quer,
ou o saber que não se sabe,
a suspeita, o aprendizado,
existe todas essas coisinhas.
Você me disse que existe. Você disse que existia. Você tá dizendo que existe. E que não existe.
E vai do momento dizer. Vai do carinho recebido saber o que é o mundo, vai do sentimento bonito da paisagem entender o mundo.
Como podem ser tantas verdadinhas, tantas verdades, tantas inverdades se ontem foi diferente. Como vai ser amanhã se a única descoberta do hoje é que o ontem era outra coisa. E o hoje vira passado amanhã. E o amanhã vira hoje. E nada realmente é. E nada realmente.