segunda-feira, 20 de junho de 2011

Máximo de vida.





-Mãe?- Ela perguntou com a esperança de dessa vez escutar alguma coisa a mais,
mas a mãe continuou de olhos fechados e respirando fundo, como se o sonho tivesse tão bom que ela não quisesse acordar.
-Mãe? Você ta com fome? - Ela tentou mais uma vez.
Não obteve um ruído.
A mãe passou meses assim, com o mínimo de saúde e o máximo de vida.
Às vezes chegava perto só para sentir se o coração ainda batia, já que sua respiração ela escutava de longe.
O fato é que vivia e sonhava e não respondia.
Parecia que a vida se esvaía do corpo a cada tentativa frustrada de abrir os olhos, comer, tomar banho, dar um abraço.
O tempo de viver pode se prolongar e não se sabe muito bem porquê.
Será que ainda há motivo para sorrir? Será que falta uma despedida decente pra acontecer? Será que ainda se pode ter força para escrever?
O filme da vida já passou e despassou pela frente diversas vezes e o som do sino toca diariamente,
mas ainda é possível sentir sede e pedir por água.
Por enquanto, a morte chega e em vez de separar para sempre
segura nas mãos do corpo e da alma.

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