quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dia de sol.





Meus olhos míopes giravam mais que o normal
meu corpo de mulher dançava como dançarina de caixinha de música
meus cabelos soltos grudavam na minha nuca suada.
Meu sorriso radiante não se fechava.
Eu sentia que era a vez de me despedir daquelas perguntas, cujas respostas pareciam tão distantes.
Porque não tentar? Porque não fazer? Do que eu tinha medo?
Tinha medo de muitas coisas, visto que não sabia como ia ficar, ser ou fazer,
mas era hora de me despedir disso também.
Com um último aceno eu apaguei minhas convicções.
Minha consciência estava tão falha que minha fala virou sussurro suplicante
Meus olhos antes tão ativos se fixavam em pontos isolados, como se as paredes fossem desabar e cair em cima de mim.
E por mais que você falasse, eu não acreditava,
por um segundo eu ainda queria ter o controle das minhas atitudes.
Talvez pelo fato de ter sido traumatizada com tanta responsabilidade.
Parecia tão surreal ter alguém ali tão perto.
E eu fechava os olhos e ouvia vozes angelicais...
Morri? Sonho? É verdade? Cadê todo mundo?
O dia escureceu naquele quarto
e meu coração batia tão forte que eu jurava estar perto do sol
mas e o frio? Meu corpo inteiro pedindo por água, por calor, por paralisia.
Minha cabeça batia para todos os lados e eu me perguntava porque ela não parava.
Minhas pernas nuas e inquietas sentiam o piso congelante
e eu falava, sem saber se devia ou não, mas falava
Vergonha cretina que me matava a cada lágrima indigna
em meio a tantos calores e frios, as chuvas nos olhos, no rosto.
É essa a água que abençoa? Então eu morri mesmo?
E meu sorriso antes tão aberto se fechava em dores, principalmente do passado.
Malditas frases que me chicoteavam.
E por me ferirem, acabava respondendo para exorcizar essa dor.
De repente, a força cessou.
Não lembro como, não sei porque.
E eu tinha tanto medo de acordar, só ver o breu e sentir o cheiro de solidão
que gritava por você, para me ajudar, para não me deixar sozinha ali.
sem saber que não precisava nem gritar
só segurar a sua mão.
Era só deixar você cuidar de mim.
Fechei os olhos e quando abri novamente
já não era a mesma
me despedi com um adeus doído e necessário
e me senti “bem vinda”
após abrir todas aquelas janelas,
ver que era dia
e que o sol ainda vinha...
no meu jardim florido de domingo.

3 comentários:

Unknown disse...

Belo texto. Como dizem, nada como um dia após o outro, né? Pena q algumas madrugadas parecem que não amanhecem nunca.

Um beijo.

E como diriaa Zizi...
"Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais"

Vinicius Neri disse...

"Abre essa janela, primavera quer entar..."

Bem-vinda seja! Sempre.

Giovanni disse...

e acabou-se a solidão.

;*