Os olhos são mais sinceros. As mãos são mais livres. O aroma é mais forte. A música é mais suave. O gosto é mais doce. É a primavera, só pode ser a primavera.
domingo, 14 de março de 2010
Volta Seca
Era noite clara de inverno quente no sertão esquecido de minha memória.
Porém eu escutei o nome forte, as grades manchadas, o barulho de chave...
tive que ir até lá.
Fui embora de chinelos e voltei com os pés menores e amarrados em couro grosso
Ao ver você pequena de tranças feias e vestido rasgado...
não era possível, não era.
Era.
Era difícil admitir que aquela magreza carregava meu nome insoletrável, era feita de parte de mim.
Quando deixei o sertão eu não olhei pra trás para o sol não cegar a pouca visão que ele tinha me tirado.
E agora eu tenho que carregar esse pedaço de gente comigo, essa pele quente e maldita.
O sertão é amaldiçoado.
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2 comentários:
esse texto de mil e uma faces deu o q falar no msn! hauahha
só pra compartilhar com os leitores do blog, achei seu poema genial quando me veio uma palavra à mente: "brainchild".
Esse encontro com o "filho bastardo" me parece uma alegoria do processo criativo da poesia. Como se ela fosse uma criança feia e disforme que vc bota no mundo e, mesmo que às vezes tente negar, ela carrega algo de vc q não permite negar q eh sua filha. Seus poemas são carne da sua carne e sangue do seu sangue, e mesmo que vc tente negar, serão sempre o retrato da sua chaga.
Mandou benzaço como sempre, poetisa!
seja qual for a interpretação q cada leitor dê ao texto (e acho que a graça está justamente em ir desvendando seus mistérios), essa é mais uma jóia q nasce nas suas mãos. Belo texto!
acho que vou começar a usar imagens no meu também, fica tão...
bem ilustrado hahaha
e quando eu dou por mim, estou com o celular na mão, quase dando um toquinho de novo ;**
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