sábado, 22 de agosto de 2009

Pra Sempre.



Sinos, sinais.
Listras horizontais
Paralelamente iluminadas
Refletidas
Em um cetim que nunca foi sujo
Nem lavado.
Dizer, dizer, dizer.
Que necessidade absurda e prazerosa
De ouvir confissões não pensadas.
Pois escuto, prefiro assim.
Te escuto no claro,
Sem abraço, sem risco, com sono.
Não me entrego, nem me apaixono
Me descubro na paz que sempre procurei
Já tenho companhia, meu mar.
Voltei, falei que ia voltar
Para terminar aquilo que comecei.
Agora, prometa, me esfria
Me tira a ansiedade de começar
Arranca o poder divino se eu não tenho a competência para criar
Banha-me. Purificação. Me ama. Sou sua.
Mas não me peça para ser a única.
Ser outra com sonhos pesados
Corpo relaxado
Em alto mar
Te traz de volta pra mim.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom! Muito bonito! Se eu fosse fazer uma crítica, que na verdade não seria nem uma crítica, mas um palpite, seria só a esse trecho:

"Em um cetim que nunca foi sujo
Nem lavado."

A idéia é legal, mas acho q fica mais forte se vc jogar substantivos representativos da limpeza e da sujeira em vez de usar os verbos, pq assim vc lança mão da imagem dos lençóis em si, e não das pessoas que alteram essa realidade. Falo isso só pra combinar com a descrição com a qual vc inicia o poema, vc coloca vários elementos de cenário, e acho q assim vc mantém essa preparação pro aparecimento dos pensamentos da personagem.

Só um exemplo:

"Em um cetim puro
Virgem de sabão e de suor".

Depois, quando vc mergulha de cabeça no monólogo, eu achei perfeito; vc faz isso melhor do que ninguém. Acho q todos esses anos lendo Clarice te fizeram desenvolver esse talento como poucos! Tenta se aventurar mais pela prosa poética, pq na poesia a gente já viu q vc é foda!

posta mais, noiva! Posta mais!